“Como fruto dos meus lábios criei a paz, paz para os que estão longe e para os que estão perto, diz o Senhor, e eu o sararei. Mas, os perversos são como o mar agitado, que não se pode aquietar, cujas águas lançam de si lama e lodo. Para os perversos, diz o meu Deus, não há paz.” (Isa 57.19 e 20).
Paz é algo tão importante e necessário, que sem ela a vida perde o seu sentido. É um desejo comum a todas as pessoas, especialmente nesses dias tão agitados e turbulentos que temos enfrentado. Mas, o que é paz? Paz é mais do que simplesmente a ausência de guerras. “Paz” é a palavra correta para caracterizar o relacionamento harmonioso do homem com Deus, consigo e com o semelhante.
O ensinamento bíblico a respeito da paz é riquíssimo. Tanto no Antigo Testamento quanto no Novo, a palavra é verificada dezenas de vezes. À luz do ensino bíblico pode-se afirmar:
- A paz é uma necessidade do ser humano
O desejo de paz é comum a todas as pessoas, em todas as épocas e em todos os lugares. É uma necessidade inerente ao ser humano. Vários são os fatores que se somam para perturbar e roubar a paz. Mas, com certeza, a rebelião do homem contra Deus, pela desobediência – desde o Éden – é a principal causa da falta de paz: “o pendor da carne é inimizade contra Deus.” (Rm 6.6,7).
O profeta Isaías fala de um povo sem paz. Havia uma liderança opressora e apegada às coisas vãs: “Os seus atalaias são cegos, nada sabem; todos são cães mudos, não podem ladrar; sonhadores preguiçosos, gostam de dormir. Tais cães são gulosos, nunca se fartam; são pastores que nada compreendem, e todos se tornam para o seu caminho, cada um para a sua ganância, todos sem exceção.” (Is 56.10,11).
Diante de tal cenário, para o justo a morte era vista como uma libertação: “Perece o justo, e não há quem se impressione com isso, e os homens piedosos são arrebatados sem que alguém considere nesse fato, pois o justo é levado antes que venha o mal, e entra na paz.” (Is 57.1,2).
O mundo de hoje é um mundo sem paz. Todos têm clamado por paz. No anseio de experimentar a paz, muitos se entregam a buscas vãs e, em casos extremos, à própria morte. Tais pessoas são comparadas pelo profeta ao “mar agitado, que não se pode aquietar.” (Is 57.20).
- A paz é uma experiência possível somente em Deus
Segundo o profeta Isaías, o Senhor é o autor da paz: “criei a paz, paz para os que estão longe e para os que estão perto, diz o Senhor.” (Is 57.19).
Nas profecias do Antigo Testamento, acerca da Pessoa de Cristo, Ele é apresentado como aquele que traz a paz. Isaías o chama de “Príncipe da Paz”. O profeta Miqueias refere-se a ele, dizendo: “Este será a nossa paz.” (Mq 5.5).
Quando do nascimento de Jesus, uma multidão da milícia celestial proclamou glória a Deus nas alturas e paz na terra entre os homens. O próprio Senhor Jesus declarou aos discípulos: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (Jo 14.27).
A verdadeira paz é uma experiência possível somente no Senhor. A paz oferecida pelo mundo é circunstancial, materialista e ilusória. Uma canção evangélica da década de 70, que foi muito cantada, dizia:
“Você pode ter a casa repleta de amigos, paredes e pisos cobertos de bens / Ter um carro do último tipo e andar conforme der na cabeça / Mas nunca terá a paz que existe lá dentro, que não se encontra pra poder comprar / Porque esta paz só tem a pessoa que se encontra com Cristo”
- A paz é uma experiência decorrente do acerto da vida com Deus
Segundo o profeta Isaías, “para os perversos, diz o Senhor, não há paz.” (Is 57.21). A paz é um estado de espírito decorrente do acerto da vida com Deus. Não basta apenas desejar a paz e pedi-la. Mais do que isso, é preciso acertar a vida com Deus.
O texto bíblico de Romanos 5.1 declara: “justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus, poro meio de nosso Senhor Jesus Cristo.”
No Salmo 34.14, o salmista aconselha: “Procura a paz, e empenha-te por alcançá-la”. Esse empenho em alcançar a paz implica no acerto da vida perante o Senhor, pois, no mesmo versículo o salmista antes recomenda: “Aparta-te do mal e pratica o que é bom...”
A paz não é uma conquista humana, é fruto do Espírito. É algo experimentado em sua plenitude somente por aqueles que confiam no Senhor e nos quais o Espírito de Deus age livremente. No capítulo 36.3 de seu livro, o profeta Isaías afirma: “Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti.”
- A paz é uma condição de vida que precisa ser promovida
Ensina-nos a Bíblia que o nosso Deus “não é de confusão; e, sim, de paz.” (I Co 14.33). A partir disso, somos chamados não apenas a viver em paz, mas, também, a promover a paz. Conforme o ensino de Jesus, no Sermão da Montanha, todo cristão é chamado a ser um pacificador.
Muitas vezes, o ambiente onde vivemos torna-se lugar de confusão, inimizades e divisão. Evidentemente, não podemos de forma alguma conviver com essa incoerência na vida cristã, pois, segundo a Bíblia, “é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz.” (Tg 3.18).
A experiência da paz impulsiona o cristão a promover a paz entre aqueles com quem convive. A experiência pessoal da paz e sua promoção são sinais de maturidade espiritual. Consideremos a exortação apostólica registrada em II Coríntios 13.11: “Aperfeiçoai-vos, consolai-vos, sede do mesmo parecer, vivei em paz, e o Deus de paz estará convosco.”
Rev. Eneziel Peixoto de Andrade